2 de out. de 2011

Kotler é básico. Mas será que estamos fazendo o básico?

Fonte: Blog da Propaganda
 
http://blog.algarmidia.com.br/blog-da-propaganda/
Crédito: Valter de Paula
Semana passada, profissionais da área de Comunicação e Marketing de Uberlândia tiveram a oportunidade de assistir a uma palestra de Philip Kotler, considerado o "pai do Marketing". Autor de inúmeros livros, o pesquisador e professor apresentou em sua palestra (transmitida via videoconferência a partir do HSM ExpoManagement, com patrocínio das empresas Algar Telecom e Algar Mídia) conceitos básicos de Marketing.
Ao final, ouvi muitos comentários do tipo: "Eu esperava mais, ele falou coisas muito óbvias". Imediatamente pensei com meus botões e minha cabeça de blogueira: vou escrever sobre isso. Afinal, será que estamos fazendo o óbvio em nossas organizações?
Assistiram à palestra profissionais de empresas e agências de comunicação de Uberlândia. Muitos são responsáveis pelas ações mercadológicas das organizações que representam. Fiquei me perguntando: quantos dos profissionais ali presentes pensam em públicos, ao invés de público-alvo? Quantos envolvem realmente o consumidor em suas estratégias, criam junto com o cliente, a partir de sugestões que ele apresenta?
Uma vez fui à livraria Saraiva comprar obras de comunicação. Encontrei-as no meio da seção dedicada á linguística. Observei isso junto à vendedora e ela me disse: "aqui na loja fica neste lugar mesmo, não vamos mudar". Engoli em seco, fiquei chateada e nunca mais voltei nessa livraria. O mínimo que eu esperava era um "obrigada pela sugestão. Vamos estudar".
Kotler falou também que o consumidor precisa ser conquistado pela mente, pelo coração e pelo espírito. Precisa gostar das marcas. Ele nos desafiou a pensar em uma marca pela qual somos apaixonados. Na hora pensei: "Não vivo sem o Google". Depois tentei achar uma marca local pela qual eu pudesse dizer a mesma coisa. Não consegui.
Gosto de algumas (nível do coração) mas não me sinto conectada espiritualmente a nenhuma. Isso porque vejo poucas empresas efetivamente contribuindo para o desenvolvimento cultural da cidade, algo em que dou muito valor. Empresas locais investem em projetos de responsabilidade social, algumas em sustentabilidade, mas não vejo ações concretas ligadas à cultura. O Mimu Festival, um evento muito bacana de música clássica que aconteceu em Uberlândia, ficou no vermelho. O grupo de dança Balé de Rua, que faz um trabalho incrível com crianças, corre o risco de fechar. E enquanto isso, empresas anunciam que doam computadores, plantam árvores e trocam copos plásticos por canecas.
Outra coisa muito legal que Kotler falou foi sobre as marcas nas mídias sociais. Ele aconselhou cautela. Mas reforçou que as marcas já estão nas redes, independente da vontade dos empresários. Acho engraçado quando ouço uma empresa local dizer: "agora estamos nas redes sociais, visite-nos, curta, comente". Todos já estamos nas mídias sociais. E a palavra de ordem é outra. Que tal dizer: "Oi, agora estou aqui também, vamos conversar?"
Sempre que cito a Luiza Trajano ou o Magazine Luiza no twitter, ela me responde, nem que seja com um curto "thanks". Mega ocupada, quase ministra, ela interage com os internautas. Por aqui, muitas vezes não recebemos respostas. Comentários caem em um limbo cibernético de onde talvez nunca saiam. Lembro que uma vez uma empresa da qual gosto muito anunciou a criação de seu perfil no twitter. Acho que foi o ISO Olhos. Eu amo a empresa (talvez essa seja a única sem a qual eu não viveria na cidade). Enviei uma mensagem super bonitinha desejando os parabéns e declarando meu amor. Nunca me responderam. Depois, como conheço a profissional de lá, muito competente, ela me disse que queria que o médico respondesse, mas acabou não acontecendo. Fazer o que né?
Para fechar este post sobre coisas óbvias e básicas que não estamos fazendo no mercado local, Kotler falou sobre a hierarquia dos relacionamentos corporativos. Primeiro o cliente, depois o funcionário, em seguida a comunidade e só então os investidores. Vejo boas propagandas para o cliente. Poucas empresas investem efetivamente em relacionamento com seus funcionários. Menos ainda se relacionam com a comunidade do entorno. Boa parte tem foco nos resultados para o acionista.
Conheço alguns bons cases de relacionamento com funcionários. Dia desses fui ao Hospital Santa Clara e gostei do que vi. As profissionais responsáveis me disseram que ainda há muito o que melhorar, mas vão chegar lá. Maior dificuldade: recursos.
Por fim, o "Pai do Marketing" falou sobre alguns aspectos que podem contribuir para que as empresas entreguem mais que produtos e serviços, para que elas entreguem felicidade: demonstrar real interesse pelos stakeholders (públicos); pagar salários justos; ter uma cultura organizacional forte (e compartilhar isso); ter facilidade para conversar internamente e contratar pessoas apaixonadas por servir. Básico e óbvio, não? Quem estiver fazendo tudo isso levanta a mão!
Aproveito para lançar uma proposta. Quem tiver boas e básicas histórias como as de Kotler para compartilhar, o blog está à disposição.

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