21 de dez. de 2011

Um jardim de margaridas neste Natal

Há alguns meses, a Prefeitura de Uberlândia começou a construir um viaduto. Isso mudou o dia a dia de muitas pessoas, que precisaram buscar rotas alternativas. Congestionamentos, desorganização, espera passaram a fazer parte da minha rotina e da de milhares de motoristas que passam por aquele trecho com frequência.
Como vários uberlandenses, achei muito ruim ter que usar as tais rotas alternativas. Peguei até um pouco de birra daquele viaduto. Mas há alguns dias, foi justamente uma dessas rotas que capturou meu olhar. Parada no semáfaro, olhei para o lado e percebi um pequeno jardim de margaridas. Pequeno mesmo, deve passar despercebido por muitas pessoas, como passou por mim tantas vezes.

Reajuste dos salários dos vereadores: vergonha


Fonte: http://berimbau.blogspot.com
Na semana que passou, um dos assuntos que despertou debates acalorados em Uberlândia foi a aprovação do reajuste dos salários para os vereadores que assumirem as vagas da legislatura 2013-16. Os atuais ocupantes das cadeiras da Câmara Municipal aprovaram um reajuste na ordem de 54% para os salários daqueles que irão assumir as vagas após a eleição de 2012.
Em defesa do reajuste desproporcional a qualquer índice inflacionário, que corrige o salário da maioria dos trabalhadores brasileiros, nossos vereadores declararam que a lei permite a equiparação salarial, tomando-se como ponto de partida o teto dos salários dos Deputados Estaduais, se não me engano. Alegam também que não votaram em causa própria, mas sim em nome dos futuros vereadores, que serão eleitos ao final do próximo ano. Com esse discurso, justificam suas posições. Parecem não perceber o quanto este argumento é frágil, uma vez que a grande maioria vem declarando, pelo jornal Correio de Uberlândia, sua intenção em reeleger-se. Semanalmente, o jornal traz o perfil dos atuais vereadores. Até agora, apenas dois disseram não ter interesse em retornar à Câmara.

20 de dez. de 2011

Protetores dos animais

Nessa semana, uma mulher mais malvada que a Malvina Cruela, aquela dos 101 Dálmatas, foi notícia em todas as mídias. Muito se falou a respeito, mas resolvi falar de outra coisa, uma coisa boa que acontece em nossa cidade no que diz respeito aos animais.
Por aqui, tem muita gente legal cuidando dos peludinhos de quatro patas. Gente que cuida de graça, que encaminha para adoção, que adota. Gente que ama os bichos, tira dinheiro do próprio bolso, investe parte do seu tempo para minimizar a dor e a solidão de cães e gatos abandonados.

Um exemplo bem legal é o do Grupo Patas, coordenado pelo Professor Zé Henrique. Não sei bem se é uma ONG ou apenas um grupo organizado de amigos, que ajuda cães abandonados a encontrarem adotantes responsáveis. No site mantido pelo grupo, existe um mural de animais para adoção. Também existe uma seção específica de classificados, onde é possível anunciar animais encontrados e perdidos.

17 de dez. de 2011

Uberlândia não pode parar

Maquete do Uberlândia Shopping.
Fonte: www.sonaesierra.gr
Finalmente consegui hoje visitar parte do que será o novo shopping de Uberlândia, a ser inaugurado ano que vem. Tirei um período da minha tarde e fui ao Walmart e à Leroy Merlin. Fiquei impressionada com a velocidade da obra do centro comercial, já bastante adiantada. Uberlândia cresce sem parar e pelo que pude perceber, teremos consumidores para todos os empreendimentos que a cidade deve abrigar nos próximos cinco anos.
Para ser honesta, não vi nada demais no Walmart. Só mais um hipermercado. Acho que acostumei-me demais a fazer compras no mesmo lugar. Sou uma pessoa de hábitos meio arraigados. Tive dificuldade em encontrar o que procurava. Achei o lugar frio. Não senti acolhimento. Mais um hipermercado. Entrega o que promete, mas provavelmente foi a primeira e última vez que atravessei a cidade para fazer minhas compras por lá. Faltou um diferencial que me atraísse, fora a curiosidade natural de uma pessoa antenada.

Um texto de aniversário

Há mais de vinte anos, quando eu ainda era estudante universitária, sem grana e com a cabeça cheia de sonhos, vi aquele rapaz pela primeira vez. Na fila do restaurante universitário, penso eu. Depois de tanto pegar aquela fila, mesmo com minha timidez, comecei a sorrir e falar bom dia. Ou ele começou. Sei lá. Não lembro exatamente quem puxou conversa com quem. O fato é que nos tornamos amigos.
Ele fazia medicina e morava na casa do estudante. Como forma de pagar pela moradia, trabalhava no restaurante. Se bem me lembro, existia uma escala. Eles vendiam tickets, serviam outros estudantes, cuidavam da casa. Nas idas e vindas da fila, a gente acabava se aproximando. Sorrisos, conversas e até mesmo paqueras. Éramos jovens, estudantes, idealistas, morávamos longe de casa, sempre sem grana.

13 de nov. de 2011

A leitura engrandece a alma, mas tem gente que transforma livros em lixo

Será que existe crime cultural? Porque hoje cedo, ao caminhar pelas ruas do meu bairro, que abriga uma universidade federal, dei de cara com um. Na beirada de um terreno baldio, misturado a restos de lixo, jaziam livros, muitos livros.
Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Júlio Verne, Almeida Garret, entre outros menos conhecidos, agonizavam ali, em meio a sacos de ração, restos de materiais de construção, mato, materiais escolares sem uso. Eu mal acreditava na cena. O que mais me chocou: o crime aconteceu a poucos metos do campus Santa Mônica, onde existe uma biblioteca que provavelmente acharia uma finalidade melhor para aqueles livros, maculados pela ignorância de algum ser vivente.

10 de nov. de 2011

Almanaque Uberlândia de Ontem e Sempre

Celso Machado e o Almanaque
Fonte:
www.correiodeuberlandia.com.br

Sempre gostei de entender a história da gente. Seja da evolução do homem no planeta, das antigas civilizações, dos países, do nosso Brasil, da cidade onde moro. Na área de Relações Públicas, onde atuo profissionalmente, investe-se bastante no resgate da história das organizações.Penso que nosso passado explica muito de nosso jeito de ser, de nossas decisões presentes.
Uberlândia, de uma maneira geral, é uma cidade que não valoriza sua história. Prédios antigos são demolidos sem critérios. Artigos de jornal defendem a modernização a qualquer custo. Concordo por um lado, discordo por outro. Ser moderno não quer dizer abrir mão do passado, da história. Basta visitar cidades como Londes e Paris, capitais cosmopolitas que preservam seu patrimônio histórico e cultural e ainda seduzem os turistas com sua arquitetura para lá de centenária. Ou Veneza, que desde os tempos medievais mantém seus castelos e  prédios antigos em meio às vielas formadas de água.

Eleições: 2012 cada vez mais perto

Fonte: www.campanhaeleitoral2012.com.br
Os jornais já falam com mais frequência no processo eleitoral. Em 2012 teremos renovação nas prefeituras e câmaras municipais. E vale a pena refletir, desde agora, a respeito de quem queremos ver nos representando nos poderes executivo e legislativo. Particularmente, admiro muito a atual administração, embora tenha inúmeras críticas, em especial ao legislativo.
Como o atual prefeito não pode se candidatar de novo, deve indicar um nome forte. Tomara que seja, antes de mais nada, um nome idôneo.
Eleger nossos governantes é algo que exige grande responsabilidade. Afinal, durante quatro anos essas pessoas tomarão decisões sobre nossa vida na cidade. Elas irão direcionar recursos, aprovar leis, mudar serviços, fazer investimentos, cortar orçamento. Vão gerar empregos, orientar nosso trânsito, criar vagas em hospitais (ou não...).

5 de nov. de 2011

Melodia nas palavras


Fonte: http://danielafigueiroevariasideias.blogspot.com/
Mais uma vez quero escrever sobre elas, minhas amantes da lida cotidiana: as palavras. Sempre me encantou a maneira como alguns poetas fazem amor com as palavras. Falam de amor com as palavras. Nos fazem amar com as palavras.
Chico Buarque é um desses poetas que combina as palavras de uma maneira que me faz ter uma pequena pontinha de inveja. Dia desses ouvi esses versos, de uma beleza ímpar:
"Se na bagunça do teu coração, meu sangue errou de veia e se perdeu".
Comecei a sorrir sozinha no carro, ouvi novamente a música e fiquei pensando em como uma simples combinação de palavras pode gerar sentimentos fortes, de emoção, alegria e até mesmo encantamento.
Dias depois fui assistir a um belíssimo show do Ney Matogrosso em Uberlândia. Uma performance perfeita. Em meio ao repertório, ele soltou os versos:
"A sua boca anda à míngua, da minha língua. A minha boca anda oca, da tua boca".

Sensualidade em forma de letra de canção. Combinação perfeita de palavras. Melodia nas letras, domínio de vocabulário raro nos dias de hoje, em que rimas pobres dominam canções populares.
Esse uso primoroso das palavras me leva para o universo da poesia, em especial para os versos de Fernando Pessoa, meu poeta favorito, que dizia:
"O meu olhar é nítido como um girassol".
Verso que me arrebatou na adolescência. Um olhar claro, transparente, pronto para enxergar as coisas como se fosse a primeira vez.
Ah... a beleza das palavras. Privilegiados aqueles que sorriem ao ouvir os versos de uma canção, que se transportam para outras dimensões ao ler o poema e se deixam levar para cenários mágicos do mundo da ficção.
Pudera eu viver sempre neste universo onde as palavras são usadas de forma harmônica, poética. Onde fôssemos sempre gentis com elas e no uso delas.
Palavras que me envolvem e encantam, poetas que tocam minha alma, sou grata por estarem presentes nesta noite.

Pesquisando na internet, encontrei uma bela versão da canção "Eu te amo", de Chico Buarque, na voz de Tom Jobim, para fazer disparar meu pobre coração...

Influência Verde: pequenas atitudes para um planeta melhor

Banco feito de pallets, que decorou camarote
do Triângulo Music
Já ouviu falar em influência verde? São pequenas ações que eu, você, as empresas, os governos, entre outros, podemos fazer na tentativa de influenciar as pessoas a tomarem atitudes positivas em relação a utilização mais racional dos recursos da Terra. Neste fim de semana atingimos a marca de 7 bilhões de pessoas vivendo em nosso planeta azul. É gente demais para recursos de menos, por isso, quando mais a gente conseguir influenciar as pessoas e empresas a mudarem sua atitude em relação aos recursos escassos e não renováveis, melhor.
Em setembro tive a chance de visitar o espaço reservado pela Algar Telecom para receber seus convidados durante o evento Triângulo Music. O lugar foi todo decorado com materiais reaproveitados. Pallets, usados para transportar mercadorias, transformaram-se em móveis rústicos de muito bom gosto. Bolhas de orelhões, já inutilizadas, foram transformadas em cadeiras com ar retrô, que conferiram um charme especial à sala de imprensa instalada no local. Almofadas e puffs feitos de pet e recobertos com tecidos criaram um ambiente todo especial. Parte dessa decoração foi desenvolvida por presidiárias que participam de um projeto social onde trabalham para redução de pena.
Fomos recebidos pela equipe de Relações Públicas da empresa. Foi onde ouvi pela primeira vez este termo "Influência Verde". A empresa, ao optar por decorar um espaço com material reciclado (ou reciclável) passou um recado para seu público, mas infelizmente muita gente parece não ter percebido. A quantidade de lixo deixado para trás foi muito grande. O processo de conscientização ainda tem um longo caminho a percorrer.
Influência verde é também o que a gente está vendo em algumas empresas de bebidas. A Coca Cola, por exemplo, está retomando a utilização de vasilhames retornáveis, que durante décadas foram substituídos pelas garrafas pet e latas. Nesta semana, em entrevista com um engenheiro, ele me apresentou o conceito de TI verde, ou seja, o planejamento da aquisição de equipamentos de fornecedores que reduzem o consumo de água e energia necessários para o funcionamento e manutenção dos mesmos. Atualmente, a empresa onde ele trabalha só adquire novas tecnologias se elas vierem de fornecedores que comprovam essa preocupação.
Ínfluência verde é algo que está nas pequenas e grandes coisas. As empresas podem começar pela redução do consumo de papel, energia e água. Isso sem prejudicar as condições de trabalho. A gente, como indivíduo, pode ajudar consumindo menos. Há algum tempo aprendi a reciclar roupas, bolsas, calçados. Posso dar uma cara totalmente nova a uma peça de roupa que não uso mais. A moda é cíclica. Aqui em Uberlândia tem uma loja da Restaura Jeans, que além de tingir peças com um sistema muito profissional, tem costureiras que vão além do óbvio e nos ajudam a repensar uma peça de roupa e transformá-la completamente.
Aos poucos aprendo que a tal influência verde começa com cada um. Devagar, seremos capazes de influenciar pessoas e, quem sabe um dia, mudar o mundo, para que essa criança que simbolicamente representou o nascimento do 7.000.000.000º ser humano do planeta terra, possa herdar um lugar melhor para crescer e ser feliz.

4 de nov. de 2011

Não gosto do Lula, mas ele merece nosso respeito. E orações.


Fonte: http://aqueimaroupa.com.br
Não gosto do Lula. Mas votei nele nas disputas contra Fernando Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso. Fui às ruas com bandeira vermelha quando ele foi eleito presidente do Brasil. Depois me desencantei com as frequentes denúncias de corrupção, com a postura de afirmar que os escabrosos desvios de recursos públicos aconteciam embaixo de suas barbas sem que ele soubesse de nada.
Apesar de minhas opiniões pessoais sobre o ex-presidente do Brasil, sinto a mesma comoção de milhares de brasileiros diante de seu adoecimento. É nítido que há uma espetacularização da mídia, uma reação debochada nas redes sociais, mas Lula merece nosso respeito.
Tenho acompanhado pelo twitter, facebook e outras redes comentários jocosos a respeito da doença, que ele enfrenta com coragem. Eles se multiplicam na velocidade de um retuite ou de um botão curtir. Poucos refletem a respeito das milhares de pessoas que, diariamente, sofrem as consequências de uma doença que, em outros tempos, era sentença de morte.
Lula é um ser humano, antes de ser um ex-presidente, um líder político. Ele tem esposa, filhos, famílias e amigos que neste momento enfrentam os efeitos colaterais de uma quimioterapia. A doença é democrática, atinge igualmente ricos e pobres, poderosos e frágeis. É preciso demonstrar um mínimo de respeito com a pessoa, que vem antes de seus cargos.
Mas trata-se também de um homem público, cuja vida privada é notícia. A espetacularização irá continuar. O noticiário acompanhará a recuperação em tom celebrativo, ou uma possível piora em tom quase fúnebre. Jornais e revistas semanais já devem estar preparando arquivos completos sobre sua vida, seus acertos, seus erros.
As mídias sociais, como "nunca antes na história desse pais" (como diria o ex-presidente), dão voz às pessoas. Muitas, qual papagaio de pirata, repetem de maneira inconsequente críticas deixando de lado o fato de que se trata de uma pessoa enfrentando um momento de fragilidade. É preciso respeitar.
Não gosto de Lula enquanto político, mas enquanto ser humano, ele merece nosso respeito e até mesmo nossas orações. Vivemos em um país onde todos têm direito à livre expressão de ideias, por isso, quem sou eu para condenar o que se diz no ambiente virtual ou nas conversas de esquina? Mas posso escolher não ouvir, não repassar, não compartilhar. Posso escolher respeitar esse homem que tem uma história de vida de inquestionável riqueza.
Estudo mídias sociais, discuto-as com meus alunos com certa frequência. A cada dia que passa percebo que, como receptora crítica, cidadã consciente e pessoa inteligente que sou, faço minhas escolhas. E me orgulho em ser respeitosa, mesmo que eventualmente eu pise na bola com os outros e, talvez, comigo mesma.

1 de nov. de 2011

Brincadeira de criança, como é bom...

Ei, você que já passou dos 25, 30 anos... Quando foi a última vez que você brincou? Sabe brincadeira de criança, daquelas que a gente queria que o tempo não passasse, que a mãe não chamasse para tomar banho, que a chuva nunca viesse?
Não falo de brincadeira com colegas de trabalho, nem daquelas que se faz com os filhos em um fim de semana. Mas de brincar com você mesmo, pelo simples prazer da brincadeira, de s
entir o vento no rosto, de rir sozinho por pura diversão, de fazer uma festa onde você é o principal convidado.

Maus vizinhos


Fonte: odiariodeumamamae.blogspot.com
São 23h25. Do outro lado da rua, novos vizinhos bebem, berram, pensam que cantam... Aqui, fechada a janela para me proteger do barulho, penso se chamo a Polícia Militar, a patrulha do Meio Ambiente, ou minha Nossa Senhora da Aparecida Preta! Que pessoal mais sem noção.
Tem cerca de um mês que eles se mudaram para a vizinhança. Fazem festas assim todos os fins de semana, desrespeitando o direito dos vizinhos de dormir. Pelo menos tem o bom senso de só fazer essa zona no fim de semana. Deve ser muita bebida na cabeça, talvez até algo mais ilícito. Agora há pouco um deles saiu berrando coisas insanas pela rua... Foi-se embora nossa paz.

30 de out. de 2011

A história do Escritório das Letras

Palavras.
É com elas que ganho a vida. Desde cedo começaram a fazer parte de minha história. Aliás, foram justamente as estórias que me fizeram ver que palavras têm vida. Mesmo antes de aprender a ler e escrever, ouvia atenta às histórias que meu pai inventava, ou àquelas dos disquinhos infantis, que contavam de um mundo de faz de conta. Não havia imagens, apenas palavras faladas. E elas eram capazes de me transportar para outros mundos.
A leitura, depois que fui alfabetizada, passou a fazer parte de meu universo. Cresci em uma casa cheia de livros, revistas, gibis. Fui educada por um contador de estórias, que deixava a imaginação correr solta pelas casas da minha infância.
Adolescente, encontrei nos livros e na produção de textos o consolo para o deslocamento que todo adolescente vivencia. Em Fernando Pessoa, Victor Hugo, Caio Fernando Abreu, Shakespeare, Sidney Sheldon, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, entre tantos outros, encontrei palavras que se transformavam em imagens. E que transformaram minha vida.
Já na faculdade, a leitura tomou outro corpo. A elaboração de textos também. Escolhi o jornalismo por acreditar que poderia fazer diferença na vida de alguém. Que poderia usar o dom da comunicação para fazer algo bom para a sociedade. Na verdade, até hoje me questiono se consegui atingir esse objetivo.
Na vida adulta, a literatura misturou-se à leitura de obras clássicas no campo teórico da comunicação, das Relações Públicas e da Administração. Diferentes autores contribuíram para moldar a maneira como entendo os diferentes temas de meu mundo profissional.
Ler nos ajuda a formar uma visão de mundo. Contribui para a consolidação dos nossos valores e crenças. Desenvolve o vocabulário. Estimula o pensamento criativo. Quem lê normalmente tem facilidade para escrever, para expressar suas ideias de maneira clara, para argumentar com base em fatos.
As palavras nos acompanham ao longo de nossa vida. Seja quando lemos, escrevemos, ouvimos, falamos, vemos um filme, passamos por um anúncio. Elas criam imagens. Nos levam para Passárgada ou para Verona. Nos transportam para o futuro, nos colocam em palácios de séculos atrás.
É justamente pela importância que as palavras têm em minha vida que resolvi, recentemente, investir em um projeto antigo. Acabo de criar o Escritório das Letras Comunicação. Uma pequena empresa onde o principal insumo são as palavras, que se juntam para formar discursos corporativos. Por meio desse trabalho, quero exercitar uma das atividades que mais me dá prazer na vida: a escrita.
Começo sem pretensões, com alguns clientes antigos, outros novos. Sei que desafios virão, mas acredito na força das palavras, que sempre me acompanharam. Velhas conhecidas, amigas de infância, agora também companheiras de trabalho.
Energias positivas para o sucesso do Escritório das Letras, ao lado de meu sócio, sobrinho e vizinho Eduardo Zenon.

22 de out. de 2011

Enem em Uberlândia: caos no trânsito da região universitária

Mesmo com sinal verde para motoristas
que trafegavam pela Av. Vinhedo,
trânsito parado por causa da imprudência de
quem seguia pela Nicomedes.
Sou leitora assídua de jornais, assisto aos telejornais e sou mega conectada à web. Justamente por isso, há momentos em que penso que a imprensa de Uberlândia vive no país das maravilhas, em uma cidade onde não acontecem coisas ruins. Um exemplo foi a situação do trânsito na cidade hoje, em função da realização das provas do Enem.
Moro no Santa Mônica e tive que ir até a Morada da Colina para levar meu sobrinho à faculdade onde faria a prova. Um trajeto rápido, que normalmente não tomaria mais que vinte minutos. Previnida, e já esperando uma grande quantidade de automóveis indo para aquela região (li no Correio que entre Unitri e Pitágoras seriam 10 mil candidatos), saí de casa com mais de uma hora em relação ao prazo para o fechamento dos portões.
Avaliei as rotas alternativas e preferi fazer o circuito Rondon - Nicomedes, justamente por temer dificuldades nos cruzamentos da Nicomedes, que imaginei estaria bastante congestionada. Embora tenha me planejado, fiquei surpresa com a quantidade de veículos e a total falta de autoridades policiais a orientar e controlar o fluxo dos carros. Com dez mil pessoas se dirigindo a um mesmo local, cujo acesso, em grande parte é feito por uma ou duas vias, era de se prever a necessidade de gestores do trânsito.
Na ida para a faculdade Pitágoras, vi dois acidentes, um envolvendo vítima, deitada no chão aguardando o Corpo de Bombeiros. O carro do resgate não conseguia chegar ao local. Mais perto da faculdade, uma colisão entre dois carros, com danos grandes aos veículos. Agora à noite, quando fui ler os veículos de comunicação online, minha surpresa: a PM não registrou ocorrências. Será que os acidentes que vi foram miragens?
Na verdade, essa foi a única menção que vi ao trânsito caótico nos canais online. No final da prova, por volta das 17h30, o cruzamento da avenida Nicomedes com a Vinhedos virou território de ninguém. Quem seguia pela Nicomedes fechava o cruzamento, não deixando que o trânsito da outra via circulasse quando o semáforo permitia. Um motorista em sua possante caminhonete não pensou duas vezes: subiu no canteiro central da Nicomedes e foi-se até a entrada da Unitri. Outros desciam dos carros para tentar localizar filhos. Jovens caminhavam rumo aos pontos de ônibus em meio aos carros. Chovia. Cena triste em uma cidade que ganha tantos prêmios, mas se demonstra incapaz de gerir o trânsito em uma situação especial e previsível.
Além da miopia de nossos veículos de comunicação, penso que o mais grave foi a completa ausência de autoridades de trânsito. Quando conseguimos cruzar a Nicomedes, no meio à bagunça geral, ligamos para a Polícia Militar para avisar sobre a situação e os riscos. O policial que nos atendeu perguntou se não havia nenhuma viatura no local. Dissemos que não. Ele disse que iria verificar e mandar alguém para aquele cruzamento.
Uberlândia cresceu. A região universitária em breve receberá um shopping. Centenas de casas populares acabam de ser entregues no Shopping Park. O trânsito da região não comporta um grande movimento de carros. Sinais de que aquela região necessita de atenção em situações especiais, como foi o caso do Enem. Candidatos perderam a prova devido às dificuldades de acesso.
Prevejo que amanhã a situação será a mesma. Acho que, depois de deixar meu sobrinho, vou estacionar o carro onde for seguro, sacar meu celular e registrar a confusão, porque tem horas em que parece que vivo em uma cidade retratada pela imprensa como um conto de fadas, onde tudo funciona, onde um trânsito caótico é retratado como pequeno tumulto. Onde vejo dois acidentes e leio que a PM não registrou ocorrências.
Fila de carros seguindo para Unitri e Pitágoras
É preciso repensar a cidade. Planejar melhor o transporte público, o sistema de caronas (a maior parte dos carros seguia apenas com o motorista ou com um motorista e um passageiro). O Enem é planejado com meses de antecedência. Será que as autoridades de trânsito não foram avisadas? Começo a desconfiar que não. E também que vivem na Uberlândia cidade das maravilhas...

Domingo, 15h10. Todos os problemas se repetiram...

2 de out. de 2011

Kotler é básico. Mas será que estamos fazendo o básico?

Fonte: Blog da Propaganda
 
http://blog.algarmidia.com.br/blog-da-propaganda/
Crédito: Valter de Paula
Semana passada, profissionais da área de Comunicação e Marketing de Uberlândia tiveram a oportunidade de assistir a uma palestra de Philip Kotler, considerado o "pai do Marketing". Autor de inúmeros livros, o pesquisador e professor apresentou em sua palestra (transmitida via videoconferência a partir do HSM ExpoManagement, com patrocínio das empresas Algar Telecom e Algar Mídia) conceitos básicos de Marketing.
Ao final, ouvi muitos comentários do tipo: "Eu esperava mais, ele falou coisas muito óbvias". Imediatamente pensei com meus botões e minha cabeça de blogueira: vou escrever sobre isso. Afinal, será que estamos fazendo o óbvio em nossas organizações?
Assistiram à palestra profissionais de empresas e agências de comunicação de Uberlândia. Muitos são responsáveis pelas ações mercadológicas das organizações que representam. Fiquei me perguntando: quantos dos profissionais ali presentes pensam em públicos, ao invés de público-alvo? Quantos envolvem realmente o consumidor em suas estratégias, criam junto com o cliente, a partir de sugestões que ele apresenta?
Uma vez fui à livraria Saraiva comprar obras de comunicação. Encontrei-as no meio da seção dedicada á linguística. Observei isso junto à vendedora e ela me disse: "aqui na loja fica neste lugar mesmo, não vamos mudar". Engoli em seco, fiquei chateada e nunca mais voltei nessa livraria. O mínimo que eu esperava era um "obrigada pela sugestão. Vamos estudar".
Kotler falou também que o consumidor precisa ser conquistado pela mente, pelo coração e pelo espírito. Precisa gostar das marcas. Ele nos desafiou a pensar em uma marca pela qual somos apaixonados. Na hora pensei: "Não vivo sem o Google". Depois tentei achar uma marca local pela qual eu pudesse dizer a mesma coisa. Não consegui.
Gosto de algumas (nível do coração) mas não me sinto conectada espiritualmente a nenhuma. Isso porque vejo poucas empresas efetivamente contribuindo para o desenvolvimento cultural da cidade, algo em que dou muito valor. Empresas locais investem em projetos de responsabilidade social, algumas em sustentabilidade, mas não vejo ações concretas ligadas à cultura. O Mimu Festival, um evento muito bacana de música clássica que aconteceu em Uberlândia, ficou no vermelho. O grupo de dança Balé de Rua, que faz um trabalho incrível com crianças, corre o risco de fechar. E enquanto isso, empresas anunciam que doam computadores, plantam árvores e trocam copos plásticos por canecas.
Outra coisa muito legal que Kotler falou foi sobre as marcas nas mídias sociais. Ele aconselhou cautela. Mas reforçou que as marcas já estão nas redes, independente da vontade dos empresários. Acho engraçado quando ouço uma empresa local dizer: "agora estamos nas redes sociais, visite-nos, curta, comente". Todos já estamos nas mídias sociais. E a palavra de ordem é outra. Que tal dizer: "Oi, agora estou aqui também, vamos conversar?"
Sempre que cito a Luiza Trajano ou o Magazine Luiza no twitter, ela me responde, nem que seja com um curto "thanks". Mega ocupada, quase ministra, ela interage com os internautas. Por aqui, muitas vezes não recebemos respostas. Comentários caem em um limbo cibernético de onde talvez nunca saiam. Lembro que uma vez uma empresa da qual gosto muito anunciou a criação de seu perfil no twitter. Acho que foi o ISO Olhos. Eu amo a empresa (talvez essa seja a única sem a qual eu não viveria na cidade). Enviei uma mensagem super bonitinha desejando os parabéns e declarando meu amor. Nunca me responderam. Depois, como conheço a profissional de lá, muito competente, ela me disse que queria que o médico respondesse, mas acabou não acontecendo. Fazer o que né?
Para fechar este post sobre coisas óbvias e básicas que não estamos fazendo no mercado local, Kotler falou sobre a hierarquia dos relacionamentos corporativos. Primeiro o cliente, depois o funcionário, em seguida a comunidade e só então os investidores. Vejo boas propagandas para o cliente. Poucas empresas investem efetivamente em relacionamento com seus funcionários. Menos ainda se relacionam com a comunidade do entorno. Boa parte tem foco nos resultados para o acionista.
Conheço alguns bons cases de relacionamento com funcionários. Dia desses fui ao Hospital Santa Clara e gostei do que vi. As profissionais responsáveis me disseram que ainda há muito o que melhorar, mas vão chegar lá. Maior dificuldade: recursos.
Por fim, o "Pai do Marketing" falou sobre alguns aspectos que podem contribuir para que as empresas entreguem mais que produtos e serviços, para que elas entreguem felicidade: demonstrar real interesse pelos stakeholders (públicos); pagar salários justos; ter uma cultura organizacional forte (e compartilhar isso); ter facilidade para conversar internamente e contratar pessoas apaixonadas por servir. Básico e óbvio, não? Quem estiver fazendo tudo isso levanta a mão!
Aproveito para lançar uma proposta. Quem tiver boas e básicas histórias como as de Kotler para compartilhar, o blog está à disposição.

1 de out. de 2011

Uma nova forma de pensar as relações de consumo e cidadania

Fonte: www.cafebox.com.br
Não sei de onde isso veio, mas tenho pavor de desperdício. Não deixo comida no prato, esquento o que sobrou do almoço na janta, apago a luz ao sair dos lugares, verifico se tem torneira pingando. Por isso me assusta tanto ver o desperdício coletivo de alguns recursos tão finitos do nosso planetinha azul, cada vez mais explorado.
Me dói ver gente desperdiçando água. Tem dias em que vou caminhar no Parque do Sabiá e presencio diversos bebedouros vertendo água pelo encanamento. Mais de uma vez já falei com o vigia. Sabe o que ele faz? Nada. Já aconteceu de um bebedouro vazar por vinte dias direto, sem nenhuma providência.
Outra coisa são as pessoas usando a mangueira como vassoura. Isso dói na alma, aquela água correndo pela calçada, fluindo para os bueiros. Seria mania de limpeza ou preguiça mesmo? Minha ajudante lava a calçada de casa com balde, gasta muito menos água. As plantas a gente rega com o regador, faz uma boa diferença na quantidade de água gasta.
Energia também é algo muito desperdiçado, em especial nos prédios públicos. Eventualmente volto mais tarde da faculdade e passo perto do campus Santa Mônica depois que as aulas já terminaram. Me impressiona a quantidade de luzes acesas. Sei que algumas ficam assim por segurança, mas deve haver uma medida para se economizar um pouco os recursos. Existem sensores de movimento, de presença, entre outros. Eles permitem saber se tem pessoas no ambiente para manter as luzes acesas apenas durante o tempo necessário. Energia no Brasil é gerada a partir da força da água. Como essa também se torna um recurso escasso, em algum tempo teremos problemas com esse uso desenfreado.

Consumo

Tem outro tipo de desperdício no qual sempre penso, acarretado por uma visão míope por parte de quem fabrica e comercializa determinados produtos. Costumo ir à feira semanalmente. Gosto de folhas e frutas. Compro queijo semanalmente. Em algumas barracas, consigo que os feirantes me vendam uma quantidade menor. Em outras, eles se recusam. Acaba que uma boa parte das folhas seriam desperdiçadas, caso eu não compartilhasse a feira com minha ajudante, semanalmente. Ela sempre leva meio pé de alface, de couve, de brócolis. Existem ainda supermercados que vendem pequenas quantidades de verduras, mas o preço é maior que o de um maço inteiro. Consigo dividir nas barracas o queijo, a couve-flor, o cacho de bananas. Mas de resto, nem pensar. È quase um benefício que ofereço para a minha ajudante.
No supermercado, reflito sempre sobre o leite, que só é vendido em embalagens de um litro. Quem mora sozinho dificilmente toma um litro de leite rapidamente. Ou compra para fazer uma receita e não usa o resto. Fico pensando por que a indústria do leite é tão tradicional. Acho que se vendessem leite branco em caixinhas menores, iriam ter ainda mais consumidores. Eu parei de comprar leite, enjoei, mas algumas vezes compro para cozinhar. Uso um copo e o resto acaba ficando na geladeira até eu me lembrar de jogar fora. O mesmo acontece com o pão de forma, com pacotes grandes demais para quem vive sozinho. Ao final de uma semana já começam a estragar. E quando oferecem embalagens menores, elas custam tanto quanto, ou mais que as maiores. Lógica estranha essa do mercado.
A indústria, em geral, não acompanha as mudanças na sociedade com foco em sustentabilidade. Torna os produtos descartáveis, levando o consumidor a preferir comprar um novo a consertar um velho que deu defeito. Dia desses mandei minha máquina de lavar e meu circulador de ar para o conserto. O rapaz do orçamento veio, olhou e me falou o valor. Ficou caro, mas ele me disse que eram produtos de qualidade, que iriam funcionar ainda muito tempo a partir daqueles reparos. Se eu comprasse um novo, além de perder os velhos, iria investir em algo com um tempo de vida bem menor.
Mas como consumidores, somos levados a acreditar que vale a pena comprar um novo porque o preço é quase o mesmo, o novo tem duas funcionalidades a mais, é mais moderninho. E lá vamos nós cair no discurso dos produtos cuja obsolescência é programada, apenas para nos fazer gastar mais, comprando sempre o mesmo. Pode não parecer, mas isso é um tipo de desperdício. Dia desses inventei de trocar meu celular. Fui pesquisar na CTBC e fiquei sabendo que ela me dá um bônus de R$ 50,00 pelos meus aparelhos antigos, sejam eles de que marca forem e de que tempo forem. Achei isso bem legal, afinal quem é que não tem aparelhos antigos de celular parados em alguma gaveta? Ou máquinas fotográficas? Ou MP3? Ou computadores? Já pensou se a indústria recolhesse e ainda premiasse o consumidor? Mesmo sem premiação, só o fato de recolher aquilo que não serve mais para o consumidor já seria uma vantagem.
Imagina se a empresa de geladeira aceitasse de volta minha geladeira antiga e me desse algum desconto por ela? Ou quando eu decidir trocar meu televisor, o fabricante aceitá-lo e me oferecer algum tipo de brinde, tipo uma antena bacaninha. Ou quando eu for comprar um perfume novo, eu pudesse levar os vidros dos antigos, que poderiam ser limpos e voltar a armazenar outros perfumes. Esses produtos antigos poderiam ser reciclados e voltar para a linha de produção, de alguma maneira. Normalmente são peças de qualidade. Nessa semana, li no jornal que a madeira que está sendo retirada do Mineirão, estádio em Belo Horizonte que passa por reformas para a Copa de 2014, está sendo doada para artesãos do Estado todo, para ser aproveitada e transformada em arte. Olha que exemplo bacana. Melhor que jogar fora. Ou virar carvão.
A gente desperdiça muita coisa em termos de eletrônicos, embalagens de vidro, pilhas, baterias, roupas, sapatos. Ultimamente optei por reciclar, consertar, conservar, transformar. Gasto um pouquinho, mas evito o desperdício e aumento a vida útil das coisas. Recentemente três sapatos voltaram novos do sapateiro que mora ali na esquina. Minha máquina de lavar está funcionando que é uma maravilha. A Maria fica feliz por dividir a feira comigo. Ainda não achei solução para o leite.
Evitar o desperdício é possível. Basta a gente querer e mudar. Mas muitas vezes nos deixamos levar por argumentos mercadológicos sedutores.
Conselho aos profissionais do Marketing: em um futuro próximo, com recursos cada vez mais escassos, o canto da sereia será voltado para o consumo consciente, o aproveitamento e o fim do desperdício. Será um momento de reinvenção, eu espero.


Este post está participando do Concurso Cultural “Iniciativa Verde”, promovido pela Algar Telecom, detentora da marca CTBC. Acesse: www.ctbc.com.br/sustentavel e saiba mais.

#Seja Legal no Trânsito


Fonte: www.uberlandia.mg.gov.br
Foto: Paulo Churrasquim
Nos últimos dias, a Prefeitura de Uberlândia colocou no ar uma campanha chamada Seja Legal no Trânsito. Uma iniciativa importante, apesar de uma comunicação visual que eu, particularmente, considerei infantilizada, talvez pela minha aversão aos mascotes. Trânsito é coisa séria e como tal deve ser tratado.
A proposta da campanha é muito boa, de conscientizar a população a respeito das leis de trânsito e também de motivar as pessoas a serem bacanas no trânsito, respeitando o outro e evitando pequenos conflitos em situações onde a gentileza é a melhor ferramenta.
Na semana passada, rodei pela cidade e não passei por nenhuma das blitzes educativas que foram realizadas pela Secretaria de Trânsito. Uma pena. Queria ver o restante do material, como folders, discurso dos policiais, reprimenda aos que descumprem a lei.
Penso que a Prefeitura deve ter incluído os motoristas de ônibus como público importante de sua campanha. Eles cruzam a cidade inteira e muitas vezes são os primeiros a desrespeitar as regras de trânsito e de civilidade. Furam sinais, fecham veículos menores, ultrapassam a velocidade, não dão preferência. Espero que tenham passado por algum tipo de treinamento para serem legais no trânsito. Hoje, uma parte deles não tem esse comportamento.
No Dia Mundial Sem Carro, a TV Integração fez uma matéria muito interessante sobre os desafios de quem precisa de ônibus para chegar ao trabalho. Mostrou uma realidade muito diferente entre regiões centrais e periféricas. Depois, representante da prefeitura e uma especialista em trânsito responderam às perguntas dos apresentadores do programa. Nessa hora, mais uma vez vemos as disparidades. Pelo discurso oficial, tudo em Uberlândia está uma beleza. A trajetória de um dos repórteres não mostrou isso, muito pelo contrário.
Nem tanto ao céu. Nem tanto à terra. A campanha Seja Legal no Trânsito, à parte a mesmice do nome e a infantilidade do símbolo, tem muitos méritos. Os comerciais são fortes. Hoje passei por um carro destruído, colocado no canteiro central da Av. Anselmo Alves dos Santos que chama a atenção. Faz parte da campanha e é uma iniciativa feita para chocar e refletir. Muito mais que a mãozinha sorridente e que pisca no comercial (desculpem, odeio mascotes!).
Ao longo dessa semana, procurei ser uma motorista legal no trânsito. Não businei nenhuma vez para outros motoristas, mesmo que eles tenham me cortado, ultrapassado sinal ou forçado ultrapassagem. Dei passagem para motoristas que tentavam sair do corredor para entrar na Av. Rondon Pacheco. Parei o trânsito para que uma senhora pudesse sair de sua garagem no centro da cidade. O mais difícil foi não xingar os motoristas que optaram por não serem legais. Sempre xingo em silêncio...
Como próximas etapas, sugiro à Prefeitura que intensifique a fiscalização nas ruas, principalmente nas avenidas principais. Que exiga das empresas de ônibus o treinamento e adequação dos motoristas, para que sejam mais gentis. Que protejam os pedestres, por meio de semáforos, faixas elevadas, sinalização.
Vou torcer para que a iniciativa tenha o resultado esperado. A campanha ficou fraca, bastante similar à outras feitas em prefeituras pelo Brasil afora (basta jogar no Google para achar algumas que usam o mesmo nome, carinhas infantis, mãozinhas personalizadas). Mas o que vale é a atitude. Nossa, como motoristas; da Prefeitura, como órgão fiscalizador; dos bares, quando percebem que um cliente não tem condições de dirigir; da sociedade, que deve assumir a responsabilidade por construir uma vida mais legal na cidade.
Que tenhamos um trânsito melhor.

24 de set. de 2011

Teoria e prática: dois lados do mesmo processo

Fonte: www.anpad.org.br
No início de setembro vivi uma experiência muito legal no Rio de Janeiro, quando viajei para participar do Enanpad, um congresso nacional que reúne pesquisadores de administração. Congressos acadêmicos são diferentes dos mercadológicos, onde um profissional apresenta um case de sucesso e tenta dar dicas para outros profissionais.
Em congressos acadêmicos, pesquisadores e professores de um campo da ciência compartilham resumos de suas pesquisas, apresentados na forma de artigos científicos, normalmente com cerca de 20 páginas. São produções originais, pesquisas que contribuem para o amadurecimento de algum campo do conhecimento.
Neste tipo de fórum existe uma grande troca de conhecimentos. Professores, pesquisadores e alunos apresentam suas pesquisas, tecem contatos, compartilham ideias, sentem-se instigados a buscar novos temas de estudo. Ao contrário do que muita gente pensa, as teorias se formam pela observação da prática, o que faz delas algo profundamente relacionado.
Em sala de aula, como professora, enfrento uma grande resistência dos alunos ao aprendizado dos aspectos teóricos de seu campo profissional. Querem rapidamente passar à prática, sem o amadurecimento necessário para que essa possa fazer sentido.
Percebo, ao longo dessa minha jornada pelo universo acadêmico, o quanto a teoria poderia ter contribuído com meu mundo corporativo. Trabalhei anos com clima organizacional, motivação e comunicação interna, mas só agora vim a conhecer estudos sobre comprometimento, que jogaram novas luzes às minhas crenças.
Algumas vezes me pego pensando sobre as novas gerações e o mundo que eles deixarão para quem vier depois deles. São pragmáticos, criativos, multitarefas, conectados, mas possuem aversão pelo conhecimento contido nos livros. O Google é uma espécie de oráculo, senhor absoluto onde repousa o conhecimento necessário para o fazer profissional. Não serviu para alertar o publicitário que escolheu o casting de um comercial da Caixa Econômica Federal, onde um ator branco foi selecionado para caracterizar Machado de Assis, escritor brasileiro, mulato.
O congresso, entre tantos outros aprendizados, colocou-me ao lado de pesquisadores com muito mais experiência que eu. Meu artigo, resultado da minha dissertação e de muitas horas de leitura, pesquisa e estudos, ficou entre os três melhores na área temática onde foi inscrito. Estar ao lado dos melhores pesquisadores brasileiros foi um resultado que me trouxe muito orgulho. E me fez refletir que é preciso valorizar mais o conhecimento acadêmico, porque ele confere sentido ao nosso trabalho no universo corporativo. Há quem pense diferente. Mas prefiro acreditar que conhecimento é algo que sempre agrega valor a qualquer atividade humana.

1 de set. de 2011

Bodas de piano

Ela acordou naquele dia como acordara todas as manhãs do seu aniversário de casamento, na certeza de que seria surpreendida por um cartão e um presente. Eram 27 anos de união. Eram 26 cartões guardados cuidadosamente. Vinham sempre juntos, cartão e presente. Por isso ela acordou na certeza de que encontraria os dois.
Ao chegar à sala, encontrou inicialmente o cartão, grande, com uma carta dentro. Eram três páginas. Ao lado, uma pequena caixinha. As instruções eram claras, ela deveria primeiro ler a carta, depois abrir a caixinha.
Inicialmente pensou que se tratava de algo mais sério. Uma carta de despedida, quem sabe? Possibilidade remota, pensou. 27 anos de casamento merecem uma carta melhor.
Ao ler, a emoção tomou conta de seu coração. Ele explicava sua tentativa de comprar um piano para ela, que fora de seu avô e atualmente pertencia a uma tia, já idosa. Há alguns meses, havia comentado com o marido que a tia pretendia vender o piano, que já não era usado e gerava despesas de manutenção. Mesmo sem tocar o instrumento, sentiu o desejo de comprar a peça, mas não teria condições naquele momento.
Comentou a conversa com o marido. Ele, silenciosamente, começou a planejar a aquisição do piano. Negociou, pesquisou, contratou transportadora, afinador e tudo mais. Acontece que a tia, muito apegada ao instrumento, desistiu da venda na última hora. Ele então teve que refazer seus planos e seu presente.
A longa carta explicava tudo isso, com muitos detalhes, recibos, registros das negociações com a tia. Era como um pedido de desculpas por um presente fracassado, que chegou muito perto de ser, mas não foi.
Ao terminar de ler, abriu o presente. Uma pequena caixinha de som na forma de piano, que tocava uma música qualquer. Mais um aniversário inesquecível. Mais uma história para contar.

Ouvi essa história da Fátima, vizinha da D. Suzana, uma querida amiga. Queria encontrar alguma maneira emocionante de contar, mas saiu simples. Impossível colocar a emoção da D. Fátima em palavras. Ao ouví-la contar, tudo o que me veio à cabeça foi o quanto eu queria um amor assim. Simples como caixinha de música.

Um dia de arte

Uma das instalações do Inhotim
Dia desses tive o privilégio de conhecer o Instituto Inhotim, na cidade de Brumadinho, vizinha de Belo Horizonte. Trata-se de um grande espaço verde, com uma proposta paisagística encantadora, onde a gente se sente passeando em um pedacinho do paraíso. O lugar abriga também uma grande coleção de arte moderna, com instalações que estimulam todos os nossos sentidos.
Mal vimos o tempo passar, em um dia cheio de surpresas. São cores, barulhos, música, pinturas, esculturas, flores, água, terra, vento, gente, filme, movimento. Difícil dizer o que nos encanta mais. Tudo preenche os sentidos. Cada experiência nos tira energia e nos dá energia em troca. As palavras parecem que se tornam insuficientes naquele lugar.
Visitantes de diversas cidades passam pelo Inhotim todos os meses, em busca de alimentar uma parte do espírito que precisa de arte. Afinal, "a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte" (como diziam os Titãs). Quando estamos naquele lugar, somos submetidos a uma overdose de estímulos. A arte emociona, choca, causa familiaridade e estranhamento.
Entre as salas que me causaram impacto, a gravação de um coral, onde cada voz foi registrada separadamente. Todas cantam juntas em uma sala repleta de caixas de som. Se você se posiciona no centro do espaço, ouve o todo. Se caminha perto das caixas, ouve cada cantor. Vozes masculinas e femininas, graves e agudas, coletivo e individual. A emoção de andar pela sala toma conta dos nossos passos, que se tornam eles mesmos únicos e coletivos.
Outro espaço que emociona é onde uma mulher conta seu sonho. A riqueza de sons e cores nos leva para dentro deste espaço onírico. Passamos a viver o sonho dela. Minha energia foi sendo drenada para dentro de um universo que não era o meu. Fui levada a pensar a locução dos meus próprios sonhos, tão estranhos, tão belos, tão loucos. Ao fim da narrativa, um choque de adrenalina ao sair do universo dela e voltar para o meu. Ou intregrá-los.
Das instalações que me tocaram profundamente, um espaço onde se pode ouvir o som da terra. Ouvi o som do meu coração pulsar junto com a terra. Ele bate forte. Ela vibra poderosa. Ele pequeno e único. Ela gigante e mãe.
A lagoa das bolas que se movem também ficou marcada em minha mente. Tem outro nome, claro. Estou escrevendo da maneira como me lembro. São dezenas de bolas metalizadas flutuando em um espelho d'água. Elas refletem a imagem de quem as olha. Numa viagem maluca, a gente pensa se está de fora olhando para dentro ou se na realidade estamos em um universo pequenino, olhando para fora.
De volta para casa, tenho que dizer que sinto muita falta de opções culturais em Uberlândia. O Instituto Inhotim funciona como uma empresa, cobra ingressos, tem restaurantes, lojas, transporte pago. E olha que não é barato, mas está sempre cheio. Isso porque sempre vai existir gente que valoriza cultura.
Aqui em Uberlândia, cultura não é muito levada a sério. Shows sertanejos e de piadas preconceituosas atraem público. Grupos de dança como o Balé de Rua ficam sem patrocínio. Sonho com uma cidade que amadureça culturalmente, em diferentes aspectos. Quem se sensibiliza pela produção artística se torna mais curioso, pesquisa mais, lê mais, questiona mais.

Cansada das obras do viaduto

Foto de Valter de Paula
Fonte: www.correiodeuberlandia.com.br
Posso falar? O progresso tem preço, mas eu já cansei de pagar. Não aguento mais os congestionamentos gerados pela construção do viaduto sobre a Avenida Rondon Pacheco, no cruzamento com a João Naves. Sei que no futuro ele será bom para a cidade, mas o impacto tem sido grande na vida dos moradores do bairro Santa Mônica, em especial.
Tudo o que antes era ágil, agora ficou demorado. Ir ao supermercado, por exemplo, é um exercício de paciência na hora de voltar para o bairro. A saída do Carrefour é pela Avenida Anselmo Alves e o único jeito de entrar na João Naves é arriscar-se a cada vez que o semáforo da Belarmino Cotta Pacheco se fecha. São poucos segundos para cruzar a João Naves e pegar o sentido contrário, que dá acesso ao bairro. Muitas vezes, filas enormes de carros se formam a partir do semáforo em frente ao Center Shopping e mesmo com o semáforo fechado, fica impossível cruzar a avenida. Mais de uma vez optei por contornar o shopping e voltar para casa pelo bairro Tibery. Troquei de supermercado também, só vou ao Carrefour quando não tem outro jeito.
Para ir dar aulas no centro da cidade, tenho que sair de casa meia hora mais cedo, para evitar o horário de pico, onde o cruzamento entre a Segismundo Pereira e a João Naves fica extremamente congestionado. Muitas vezes, os carros entopem a João Naves, entre a Belarmino e a Segismundo, sem deixar espaço para quem quer ir do bairro ao centro. Aprendi a contornar o campus para pegar o contorno da João Naves antes da rotatória. Algumas vezes dá certo, em outras, caio em novos congestionamentos.
O trecho da rua que desce para a João Naves, que começa no Hotel Sanare e termina no San Diego está se tornando o campeão dos congestionamentos na região. Dependendo do horário, são três ou quatro quarteirões de espera. Muitos motoristas não respeitam os cruzamentos, causando ainda mais tumulto nas ruas perpendiculares.
Parece que foram feitos alguns ajustes nos semáforos para que os carros não sejam liberados todos ao mesmo tempo, mas com o crescimento da frota, do número de estudantes e de moradores no Santa Mônica, parece que a situação só piora. Daqui a pouco, o bairro deve receber mais de 300 novas famílias em um grande condomínio ao lado do campus Santa Mônica. Se cada família tiver um carro, o problema vai se agravar ainda mais. Todo mundo sai e volta para casa ao mesmo tempo.
Sei que o progresso é inevitável e que o viaduto deve melhorar em alguns aspectos o trânsito na região. Mas fico pensando se não haveria uma maneira mais eficiente de gerir os transtornos para os moradores. O trânsito está ficando mais violento, as pessoas mais agressivas, talvez pela falta de paciência em enfrentar dificuldades que surgem agora.
Como já cantava Adoniran Barbosa: "progresso, progresso...".

27 de ago. de 2011

Parabéns Uberlândia!

Amanhecer no Parque do Sabiá, meu lugar
favorito em Uberlândia
Nessa semana a gente comemora o aniversário de Uberlândia. Mais que um feriado, é um dia especial para quem ama a cidade. É tempo de pensar no lugar onde vivemos com carinho, mas também com uma visão crítica. Há momentos em que vejo a cidade sob o prisma da expressão "Belíndia", criada há alguns anos por um economista para referir-se ao cenário da distribuição de renda no Brasil. Uma místura de Bélgica, desenvolvida, e de Índia, permeada pela pobreza.
Temos uma cidade rica, pujante, bairros se desenvolvendo, empresas chegando, universidades onde se faz pesquisa de ponta, hospitais, espaços de lazer. Mas temos muita violência urbana, trânsito tumultuado, pessoas entupindo corredores da saúde pública, drogas, falta de educação, miséria que se esconde em bairros da periferia mas que se vê pelas ruas na madrugada.
Admiro a capacidade de gerar riqueza de nossos empresários. Admiro a forma de gestão da atual administração pública. Uberlândia tem uma estrutura urbana invejável, qualidade de vida, espaços como o Parque do Sabiá onde se pode aproveitar gratuitamente uma bela expressão da natureza.
Mas critico a falta de educação de nossos motoristas, que invadem os corredores de ônibus e matam pessoas, que furam sinais vermelhos impunemente. Critico a falta de investimento em projetos culturais. Critico uma geração que cresce sem gostar de ler, sem desenvolver o senso crítico, a capacidade de questionar. Critico politicos que administram em causa própria. Critico o desperdício.
Viver em um lugar é efetivamente fazer parte dele de alguma maneira. É ser cidadão. É fazer o que nos cabe, na tentativa de transformar a cidade em um lugar cada vez melhor.
Parabéns Uberlândia, pelos seus 123 anos. Com qualidades (muitas) e problemas (alguns), essa é uma cidade excelente para viver e ser feliz!

17 de jul. de 2011

Movimento Internacional de Música de Uberlândia

Nos últimos dois dias, viajei pelo mundo sem sair de Uberlândia. Quer saber como? Transportada nas notas musicais do Movimento Internacional de Música de Uberlândia, promovido pela Universidade Federal. O evento trouxe à cidade músicos brasileiros e estrangeiros. Estudantes, professores e profissionais de diversas localidades vão se apresentar em diferentes espaços, como igrejas, praças, universidade e no Center Convention. Serão mais de cem concertos.
A abertura aconteceu na noite de sábado, 16 de julho, no pátio do novo teatro de Uberlândia, ainda em construção. Uma orquestra de câmara, formada por músicos de diferentes nacionalidades, apresentou várias peças, entre elas um arranjo a partir de composições de Baden Powell. Na mesma noite, a banda Ab´surdos, composta por estudantes de música com deficiência auditiva, receberam os convidados ao som de uma execução brilhante do Hino Nacional Brasileiro. A mesma banda apresentou música de autoria de um dos alunos do grupo. O regente Alex Klein, ao apresentar a música, lembrou à platéia que um dos músicos mais conhecidos do mundo, Bethoven, compôs parte de sua obra acometido pela surdez.
Na noite de abertura, o empresário Alexandre Biaggi, dono da distribuidora local da Coca Cola e um dos patrocinadores do evento, disse uma frase que me chamou atenção. Está na hora da cidade deixar de ser esse "porteirão" e investir mais em cultura. Ele esteve presente ao concerto de ontem e ao de hoje, mostrando que não basta pagar o patrocínio beneficiando-se das leis de incentivo. Tem que participar! Quantas vezes a gente vê eventos culturais na cidade onde são reservados lugares para os patrocinadores, eventualmente ficam vazios...
Na noite de domingo, foram apresentadas quatro peças, uma delas executada por um grupo de jovens russos, um quarteto de cordas. Uma execução emocionada e tocante, que leva à viagens por recantos inexplorados da alma da gente. O mesmo aconteceu com o solo de violino, de cello e de piano.
Confesso que, ao sair desse segundo concerto, perguntei a mim mesma se estava realmente em Uberlândia. Uma platéia formada por jovens estudantes em absoluto silêncio durante a execução das peças. Em absoluto silêncio quando o regente explicava o que iria acontecer durante o concerto. Em absoluta euforia após cada apresentação. Fiquei surpresa porque quando vamos ao cinema, convivemos com jovens que chutam cadeiras, falam alto, atendem ao celular. Porque em sala de aula, convivemos com alunos que navegam em seus gadgets, conversam sobre tudo menos o tema da aula e ainda insistem em ser aprovados, mesmo com notas medíocres. Vi nesses jovens estudantes de música o brilho no olhar que deveria existir naqueles que escolhem sua profissão pautados pelo amor.
A Universidade Federal de Uberlândia está de parabéns pela organização do MIMU, como está sendo chamado carinhosamente o evento. Serão duas semanas de concertos, todos gratuitos. Na praça do Coreto, na Oficina Cultural, no Campus Santa Mônica, na Igreja do Espírito Santo do Cerrado, no Center Convention, no Mercado Municipal. Tem muito Mimu ainda por vir.
A imprensa local, por enquanto limitou-se a anunciar quais concertos estão previstos, deixando de enxergar pautas maravilhosas, como a linguagem universal da música, a presença de profissionais de renome nacional e internacional, a homenagem a Calimério Soares, musicista uberlandense morto recentemente. No ar, uma mistura de gente que fala uma língua só, ensinada por mestres, marcada por clássicos e permeada por sensibilidade. Como jornalista, nestes dois dias eu enxerguei pelo menos cinco boas pautas, algumas inclusive estaduais ou nacionais.
Se você ainda não foi, participe do MIMU. Mesmo que não conheça ou não goste de música erudita, vá para experimentar. Para verificar a riqueza das combinações das notas musicais, a leveza nas mãos do artista. Confira a programação integral no site do MIMU. http://www.mimufestival.com.br/.

Sobre ipês e pérolas


A natureza nos permite algumas metáforas que são lindíssimas. Duas particularmente me tocam. Uma delas é a do ipê. A outra é a da pérola. São apenas uma árvore e uma pedra, mas seu processo de formação me leva a refletir.
Fonte: http://terraefemera.blogspot.com
Tenho paixão pelos ipês. Durante boa parte do ano, são árvores comuns, misturadas à paisagem urbana entre tantas outras árvores. Mas eis que, quando a temperatura cai ligeiramente e o ar fica mais seco, suas folhas começam a cair. Uma a uma, lentamente, ela perde todas as folhas. Se antes mesclava-se às demais, de repente passa a destacar-se por ficar desprovida de folhas. Uma árvore careca, com galhos secos e sem graça.
Talvez árvores pensem. Sei lá o que se passa dentro de um ipê prestes a florir pela primeira vez. Pode ser que ele imagine que aquele é o maior mico de sua vida. "Nossa, além de ser comunzinha o tempo todo, agora fiquei careca..." Mas... lentamente as flores começam a brotar nos galhos secos. Uma, duas, dez, cinquenta, cem pequenos cachos de flores se formam para fazer do ipê a mais bela árvore do cerrado.
É neste momento, com sua copa roxa, rosa, amarela ou branca, que ele se consagra e comemora seu florescer. Dura poucos dias, mas agora o ipê já conhece seu potencial, sabe que o tempo de verdejar é tão importante quanto o de perder as folhas, o de secar e o de florescer.
A metáfora do ipê, para mim, consiste em saber esperar o tempo das coisas. Todos nós temos nossos desafios, nossos momentos alegres e tristes. Todos temos uma missão. Temos nosso florescer.
A pérola
A pérola, por sua vez, nasce como um insignificante grão de poeira engolido pela ostra. Pobrezinha, inicia sua vida pensando que vai morrer. Deve temer o grão: "o que será de mim dentro da bocona desta ostra escura? Por que será que ela foi me engolir desse jeito?"
Mas eis que a ostra abriga o grão de areia e inicia um processo de transformá-lo em pérola. Não sei bem como isso acontece, mas deve dar medo ser grão de areia em boca de ostra. Imagina, você pequenininho, indefeso e sendo "atacado" pelo desconhecido?
Então, um belo dia, a ostra se abre e dentro dela uma pequena pedra preciosa, que um dia irá ornar a coroa de uma princesa ou o colar de uma atriz famosa. Uma coloração e um brilho únicos. Um potencial que só se desenvolveu porque foi possível passar pela transformação.
O processo de virar pérola é tão bonito que passou a dar nome ao tempo de 30 anos que um casal vive junto. Bodas de pérola. Penso que, quando duas pessoas que se amam resolvem se casar, elas são como dois grãos de areia. Vão morar numa mesma ostra e nela passam por muitos desafios, aprendizados, ganhos e perdas, alegrias, festas, surpresas. Compartilham filhos, amigos, partidas e chegadas.
Fonte: http://glammodaetendencia.blogspot.com
Nessa semana, um casal de amigos muito querido completou Bodas de Pérola. Vivem uma história de amor em uma ostra muito gostosa, onde educaram as filhas, recebem os amigos, criam cachorros. Passaram por muita coisa juntos. E permanecem juntos, fazendo brilhar a cada dia a vida daqueles que tem o prazer de conviver com eles. Esse texto é para as pérolas Lau, Carlos, Dani e Mimi. É também para as pérolinhas Beauty e Nina, que além de brilhar, sabem latir.
E assim termina essa crônica, que era para falar de natureza e terminou por falar de amor.

Mandacaru Sabor do Nordeste: vale a pena conferir


Dia desses, ao sair para jantar depois do concerto de abertura do Movimento Internacional de Música de Uberlândia, descobri um cantinho do nordeste em Uberlândia. Trata-se do restaurante Mandacaru - Sabor do Nordeste. Fica no bairro Roosevelt, uma casa simples por fora, mas com o calor dos nordestinos por dentro.
Chegamos e o restaurante estava vazio. Apenas uma moça jantava com uma menina. Fomos muito bem recebidos pela dona da casa, que nos mostrou o ambiente, todo decorado com peças artesanais, chapéus, trajes típicos, redes. As mesas, cada uma com o nome de um estado nordestino. Nas paredes, peças de argila, talhadas em personagens que fazem parte da cultura daquela parte do país, que muitos desconhecemos.
A recepção foi tão gostosa, que mesmo com o restaurante vazio, resolvemos ficar. O garçon, Tiago, extremamente educado, estuda música na Universidade Federal de Uberlândia e ficou conversando com a gente enquanto a macaxeira e o bobó de frango eram preparados pela Dona Fátima. No cardápio, tinha muita coisa típica, mas confesso que fomos mais conservadores. O restaurante não tem música ao vivo, mas rodava um DVD maravilhoso da Elba Ramalho. Fomos recebidos ao som de Anunciação. Um sinal de que a noite seria muito boa.
O jantar foi delicioso. A cerveja gelada. A recepção amiga. Ao terminarmos, D. Fátima pediu licença para recitar um poema de cordel para a gente. Um texto onde ela mistura a beleza de ser nordestina, o carinho em nos receber, a boa comida do lugar e sua vontade de que a gente voltasse logo. Tiago nos explicou muitas coisas do restaurante, dos temperos, da origem da familia.
Foi uma noite para lá de especial. O restaurante vazio, que assusta tanta gente, na verdade foi um presente para que a gente pudesse apreciar não apenas a refeição. Afinal, a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte.
Se quiser conhecer o Mandacaru, segue o endereço: Rua Godofredo Machado, nº 138, bairro Presidente Roosevelt.

Afinal, o que é notícia?

Mais de uma vez usei o espaço do meu blog para falar sobre o jornalismo que se pratica em Uberlândia. Algumas vezes elogio posturas. Outras vezes critico. Hoje, queria apenas questionar. Há uma semana, a cidade sedia um festival de música erudita de altíssimo nível, com profissionais vindos de diferentes partes do mundo. Para os padrões locais, isso é ou não é notícia?
Nos primeiros dias do festival, o jornal local dedicou um espaço tímido para falar da programação e agenda. A cada edição esse espaço foi minguando, minguando... restringe-se na edição deste sábado a uma nota na seção de agenda cultural. Vi alguma coisa nos sites jornalísticos e nada mais. Nada nas emissoras de TV. Nem mesmo a Rádio Universitária, ligada à Universidade Federal de Uberlândia, promotora do evento, dedicou-lhe espaço jornalístico.
Aprendi na faculdade que o conceito de notícia envolve o tripé ineditismo, atualidade e interesse geral. Acredito que o Movimento Internacional de Música envolve pelo menos dois desses elementos, uma vez que música erudita realmente não é algo de interesse geral em uma cidade onde as preferências culturais são mais voltadas a outros gêneros musicais. Talvez seja essa a razão da baixa cobertura jornalística que o evento vem recebendo.
O Mimu é inédito, é a primeira vez que a cidade recebe um festival deste porte. Músicos de diversos países vieram ao Brasil para ensinar aos nossos músicos a arte de seus instrumentos. É atual, está acontecendo agora, coloca Uberlândia no cenário da música erudita nacional. Diariamente, centenas de pessoas participam das apresentações no Center Convention, pessoas de todos os tipos, entre estudantes e amantes da música. É também um novo tipo de turismo, o cultural, que movimenta a economia e traz riqueza para a cidade.
Fiz faculdade em Londrina, no Paraná, onde acontece anualmente um Festival de Música similar. A imprensa da cidade noticiava o evento diariamente. Além da agenda, fazia matérias sobre histórias de vida dos músicos, sobre a origem dos instrumentos, sobre as peças que seriam apresentadas. Na época, o papel da imprensa era o de mobilizar não apenas quem gostava de música, mas despertava o interesse de quem não conhecia. As matérias eram todas muito criativas, emocionantes e abrangentes. Os concertos aconteciam em diferentes pontos da cidade e muita gente ia conferir porque tinha visto matéria na TV ou lido no jornal e ficava curioso.
Sei que Uberlândia é uma cidade onde cultura é um tema delicado. São poucos os investidores, poucos os espaços, poucos os incentivos. Mas o Mimu Festival é notícia, que vem sendo ignorado pelos meus colegas de profissão. É como se a cidade não estivesse tomada por mais de 300 jovens músicos, que se apresentam todas as tardes e noites pelos diferentes cantos. O campus Santa Mônica respira ao tom dos violinos, violoncelos e flautas. Até os pássaros andam cantando diferente por lá.
Reclamamos muito da educação em nossa cidade. No trânsito, nos estabelecimentos comerciais, nas filas de pontos de ônibus. Nos espetáculos do Mimu, podemos ver exemplos de gentileza, disciplina, educação, beleza. É uma pena que a imprensa local não tenha visto interesse em divulgar tudo isso, preferindo ater-se às mesmas pautas de sempre. A música educa o espírito, estimula o respeito pelo outro, leva a uma reflexão muito bonita sobre nossas próprias potencialidades.
Queria parabenizar Viviane Taliberte e ao regente Alex Klein, que conduzem o Mimu Festival com beleza, classe e muita alegria. Parabenizar à Uberlândia Refrescos que, além de patrocinar, marcou presença. Uberlândia é uma cidade encantadora e vocês contribuem para torná-la leve como nota musical nestas duas semanas. O fato da imprensa local subestimar esse feito é triste, mas não lhes tira o brilho e mérito. E que venham os próximos.
Para quem já foi e quer matar saudade, selecionei um trechinho que achei no You Tube de Chega de Saudade. Para quem ainda não foi, espero que sirva de incentivo. Minha respiração ficou suspensa nesta noite, de tanta beleza.

2 de jul. de 2011

Ação no Bairro

Ação no bairro, na manhã de sábado
Vivo no Santa Mônica e considero esse um dos melhores bairros da cidade, restringindo-me aos de classe média. Gostaria, às vezes, de morar em um condomínio fechado, com um pouco mais de segurança. Mas eu perderia algumas coisas muito gostosas que a vida nos bairros populares, como este onde vivo, ainda proporcionam.
Hoje, por exemplo, fui passear com meus cachorros e resolvi ir até o lugar onde estava acontecendo um evento chamado Ação No Bairro, promovido pela prefeitura e TV Integração. Fui para pegar uma muda de árvore para plantar na calçada de casa. Ao chegar lá, uma verdadeira festa da cidadania.
Tinha muita gente, de todas as idades. Gente na fila para cortar cabelo, tirar documentos, consultar o Procon, o Sebrae. Tinha muita gente pegando muda de árvore. Tinha criança, adulto, velho. Estava um ambiente muito legal, que resgata um pouco do que acontecia nas cidades de 20 ou 30 anos atrás. A gente ia para a praça e encontrava os amigos, batia um papo, ficava sabendo das novidades.
Em todos os lugares da praça, tinha alguma coisa acontecendo. O dia maravilhoso deve ter contribuído para o clima do lugar. Além disso, sábado é dia de feira e muita gente aproveitou para dar uma passadinha no evento logo depois das compras semanais.
Outra coisa que adoro no bairro é que a gente conhece os vizinhos e eles conhecem a gente. Cumprimento muita gente pelo caminho. Ando muito a pé, tanto para ir ao supermercado, farmácia, banco, passear com os cachorros. Alguns vizinhos me conhecem pelo nome, outros não, mas a gente sempre tem uma palavra boa, um sorriso, um gesto de gentileza.
Procuro também praticar a boa vizinhança. Recolho o cocô dos meus cachorros, não faço barulho depois das 22h, entrego a correspondência que os correios insistem em colocar errado na minha caixa de correspondência. Não sou de frequentar a casa dos meus vizinhos, nem eles frequentam a minha, mas existe um clima de cordialidade, de cidade pequena, de um sentimento genuíno de alegria nos encontros.
Hoje senti isso na praça onde aconteceu o Ação no Bairro. Queria ficar lá mais tempo, mas os afazeres domésticos do fim de semana me avisaram que era melhor voltar para casa. Lugar onde me sinto segura, em grande parte, por causa da qualidade da minha vizinhança maravilhosa!