1 de out. de 2010

Falta de educação no trânsito

Hoje cedo, quando estava saindo de casa para um delicioso compromisso dominical, parei meu carro atrás de outro no semáforo. Quando o sinal abriu, o motorista à minha frente saiu bem devagar, quase parando, mostrando para alguém as obras de um mega condomínio que está sendo construído em nosso bairro. O detalhe é que estávamos na faixa da esquerda, normalmente considerada a faixa de quem está dirigindo mais rápido e destinada à ultrapassagem. Como se fosse o dono da rua, ele continuou dirigindo lentamente, ignorando a existência de carros atrás dele. Do lado direito, uma fila de veículos impedia que eu o ultrapassasse. Do meu carro, pensei alto: "Será que ele não poderia andar mais devagar?". Devo ter pensado muito alto, porque neste mesmo momento o motorista colocou o braço para fora, fez um gesto obceno para mim e continuou lentamente, sem se importar com nada. Na primeira brecha, consegui ultrapassá-lo pela direita e segui meu caminho, chateada por ter sido alvo de tamanha grosseria.
Por uma questão de educação, de formação e talvez até mesmo de berço, não aprendi a falar palavrões, não faço gestos obcenos e só busino em situações de batida iminente. Muitas vezes, xingo o motorista imprudente da maneira como fiz hoje, dentro do meu carro, em voz alta ou baixa, mas sem a intenção de ser ouvida. Detesto qualquer manifestação de grosseria ou baixaria. Sou uma motorista que também comete erros, se distrai, de vez em quando pisa um pouco mais do que deveria. Quero dizer que não sou nenhuma santa no trânsito. Mas procuro não ser mal educada.
Detesto pessoas grosseiras, que ao primeiro sinal de conflito soltam palavrões cabeludos. Detesto palavrões. São vulgares e não combinam com quem aprecia a beleza da língua portuguesa. Eu fico brava, xingo, esperneio como qualquer pessoa normal, mas quando isso acontece costumo falar "Que Meleca", "Que Caca", "Que saco". Ultimamente, parei de seguir algumas pessoas no twitter por causa do alto uso de palavrões. Não preciso disso.
O gesto obsceno no trânsito me fez ficar triste e refletir sobre o quanto somos insensíveis ao outro. O motorista nem se importa com quem está no outro carro. Quer simplesmente demonstrar que é o dono da rua e vai continuar sendo, que se danem os outros e seus direitos. Segui pensando no episódio durante toda a manhã. Uma pessoa que agride a outra assim, tão gratuitamente, deve ser o tipo de pessoa que é grossa com os pais, com os filhos, com o companheiro ou companheira. É o tipo de pessoa que fura a fila, joga lixo no chão, se vale de pequenas maracutaias para levar vantagem em tudo. É uma pessoa para quem o outro não tem a menor importância.
Coisas do cotidiano da cidade. Nem deveria me sentir ofendida, temos que nos habituar a essas grosserias. Mas vou seguir do meu jeito, sem responder com palavrões, nem businar, sem jogar luzes. Talvez eu pense em voz alta, ranhete, fique brava... mas vou aprender a fazê-lo apenas para mim mesma. Afinal, sempre é possível desviar nosso caminho de uma criatura mal educada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu comportamento no trânsito deveria contagiar mais pessoas. O que geralmente vemos nas ruas de Uberlândia é lamentável. Mas você não está sozinha; eu faço a mesma coisa: nem buzinas, nem grosserias, nem papeis atirados pela janela do carro.