1 de out. de 2010

Caminhar pela cidade

Gosto muito de caminhar pelas ruas do meu bairro, que considero calmo e seguro, apesar de registrar esporádicos registros de violência. É um bairro grande, talvez um dos maiores de Uberlândia atualmente, e que em breve receberá uma leva de novos moradores, com a construção de dois grandes condomínios na vizinhança do campus Santa Mônica.

Na medida em que cresce, o bairro ganha algumas coisas, como infra-estrutura de transportes, serviços e comércio ativos. Mas perde outras. O trânsito já está ficando complexo e perigoso. Uma série de novos semáforos foram instalados recentemente, mas as pessoas ainda não os respeitam, não seguem a sinalização das placas e muitos acidentes ainda hão de ocorrer.
O entorno das obras dos condomínios também oferece riscos. Ontem, quando caminhava pela Segismundo Pereira fui obrigada a andar na avenida porque a calçada havia sido destruída. No lugar, terra e uma estrutura onde provavelmente será construída uma nova calçada. O quarteirão ali é enorme, mas o trecho da avenida é o mais perigoso. Carros e ônibus sobem em alta velocidade. O impacto não é comunicado à vizinhança, simplesmente temos que nos adaptar e pronto. Vimos o condomínio ser erguido, mas nunca fomos informados acerca dos seus impactos, que ainda hão de se revelar piores do que pensamos.
Na Belarmino também existem vários trechos onde somos obrigados a caminhar na rua. Um deles, de uma empresa que instala sons em carros. As rampas de acesso para os carros, feitas de metal, tomam conta da calçada aciontosamente, durante todo o dia. Mais abaixo, são as mesas dos bares que obrigam os pedestres a caminharem na rua.
Esses são apenas alguns exemplos de desrespeitos que flagro todos os dias. Lixeiras nas calçadas impedem a passagem dos pedestres e muitas vezes dos cadeirantes. Árvores mal cuidadas invadem o trecho que deveria ser dedicado aos pedestres. Motoristas estacionam em garagens atrapalhando a saída dos motoristas. Pessoas passeiam com seus cachorros sem se preocupar com os detritos que eles geram. É tanta coisa fora do lugar que até desanima.
Parece que vivemos numa era em que reina o individualismo completo. A construtora do condomínio julga que os atuais moradores do bairro não merecem respeito. Que se danem, estamos fazendo tudo pelos futuros moradores, não importa o impacto que vamos causar (e acredito que muitos virão, com a quantidade enorme de pessoas e carros que irão circular por ali...). Os empresários pensam apenas em seus lucros, pouco se importando se os pedestres tem que andar na rua. Que se danem, o espaço é público e é meu! Esse deve ter sido também o raciocínio dos políticos que infestaram nossa cidade com suas placas e carros de som barulhentos.
Existe uma alegria grande em respeitar o outro. Em evitar fazer barulho porque seu vizinho merece descansar tanto quanto você merece fazer uma reunião com amigos. Em evitar deixar a caca do seu cachorro no chão e respeitar o direito das pessoas a uma cidade limpa. Em evitar causar transtorno para a vizinhança e ao mesmo tempo conduzir corretamente sua obra.
Pequenas coisas. Gentileza parece ter caído em desuso. Isso me entristece, me contamina algumas vezes, me faz sentir que de alguma maneira deve ser possível fazer diferente.

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