1 de jul. de 2010

O velho hábito de conviver com a vizinhança

Moro no Santa Mônica, na parte de baixo da avenida Segismundo Pereira. Trata-se de uma parte mais comercial do bairro, onde casas e estabelecimentos comerciais compartilham o espaço com carros, crianças, animais, pedestres, ciclistas, carroceiros e muitos outros tipos que cruzam a vida das cidades.
Uma das coisas mais gostosas deste pedaço do bairro é o resgate da boa e velha vizinhança. Aqui, as pessoas conhecem os vizinhos, cumprimentam, param para bater um papo, pedem para vigiar a casa. Crianças jogam bola na rua e saem correndo quando são interrompidas pelos carros. No comércio, somos conhecidos pelos nossos hábitos, mesmo que não lembrem nosso nome.
Todos os sábados, faço compras de frutas, verduras e legumes na feira. Encontro sempre as mesmas pessoas, trocamos sorrisos e cumprimentos, como em qualquer cidade do interior. Nas bancas, todos sabem que evito sacolas plásticas, embora para algumas coisas, como folhas, por exemplo, acabo tendo que ceder. O vendedor de queijo fresco e o filho me recebem toda semana com um sorrisso, dividem um queijo pela metade, oferecem bolos e doces que de vez em quando eu compro, No meio dos vendedores e do burburinho da feira, os vizinhos se cruzam, se cumprimentam e seguem adiante, afinal, há tanto o que fazer.
Comecei também a valorizar o comércio do bairro. Abasteço sempre no mesmo posto, onde já sou conhecida e tratada com carinho. A oficina mecânica fica ao lado de casa e quando passo aperto com o carro, eles logo vem me acudir, muitas vezes antes de eu chamar. Gás, supermercado, padaria, tudo fica no entorno. Posso até deixar o carro e seguir a pé para resolver meus pequenos problemas domésticos.
Morar em bairro é bom demais da conta. Especialmente se aprendemos a construir relacionamentos. Meu vizinho de frente é uma espécie de segurança da rua, sempre conversando com as pessoas na calçada. Sinto-me segura por saber que, se eu precisar, estou ao alcance de um grito. Na casa ao lado, um casal maravilhoso, que tem um cachorro também muito legal, diferente da minha chatinha. Nas casas da proximidade, pessoas do bem, trabalhadoras, amigas, legais, que oferecem ao menos um sorriso.
Como deve ser chato morar em prédio e mal conhecer o vizinho do lado. Mal cumprimentar as pessoas quando cruza com elas ou mesmo contentar-se com o frio atendimento de um caixa de supermercado.
Relacionamento é tudo. Por meio de contato com pessoas nós desenvolvemos a linguagem, aprendemos a pensar, amamos, odiamos, brigamos e nos reconciliamos. Relacionar-se é um dom especial, que muitos de nós abrimos mão de cultivar, em nome de segurança e paciência. Eu adoro morar em bairro, ir de chinela havaiana na feira, sair descalça na porta de casa, caminhar pelas ruas sabendo onde chegar.
Falo aqui das coisas boas do meu bairro, mas tenho certeza que por essa imensa Uberlândia temos muitas histórias parecidas com a minha.

2 comentários:

Nina disse...

Oi Adriana!
Também amo morar em casa!! Nunca gostei de apartamento!!
Estão construindo uma praça bem pertinho aqui de casa, aqui no bairro Aclimação. Eu amo praça!!
Tomara que nela tenha feira de alimentos e de artesanato!rs

Mara disse...

oi Adriana, adorei seu texto, é tudo que pensamos quando mudamos há 1 ano de apartamento pra uma casa também aqui no Sta. Mônica, perto do sabiazinho... antes nem conseguíamos um bom dia de vizinhos no prédio, aqui já tivemos até visitas de vizinhos, trocamos telefone por segurança, os sorrisos ao sair na calçada, é tudo de bom mesmo, mas ainda precisamos conhecer melhor o comércio do bairro pra aproveitarmos melhor.