1 de mai. de 2010

Um beijo, Adriana (parte 2)

Continuação dos emails trocados com Neo, personagem real ou fictício que assumiu, mesmo sem saber, papel de terapeuta em relação aos meus atribulados pensamentos.

Dor de amor

Ainda não consegui sair da tristeza que me acomete há uma semana. Dor de amor. Estou tentando aprender que não posso ter controle sobre tudo e que nem sempre as coisas acontecem como eu gostaria.
Tenho uma vida maravilhosa, sou inteligente, bonita, rodeada de bons e sinceros amigos. Nos últimos meses acreditei ter encontrado o homem com quem iria dividir a minha vida, que disse que jamais desistiria de mim. De repente, ele parece ter desistido. Por que será que as pessoas dizem coisas se sabem que não vão manter sua palavra? Sei que sou uma mulher forte e que dor de amor tem cura, mas estou triste demais.

London, London

Londres é uma cidade incrível. Vivi experiências memoráveis por lá. O mais radical que fiz foi conhecer o mercado de rua Candem Town e beijar um colega de classe embaixo de uma árvore de Natal gigante em um outro lugar do qual não me lembro o nome. Vi a troca de guarda duas vezes e numa delas a banda da rainha tocou Beatles. Brinquei no labirinto de castelos e vi o sol se por sobre o Tâmisa. Vi o BIG EYE sendo construído e quer saber mais? Minha vida tem momentos incríveis e só de ter vivido tanta coisa boa tenho milhares de motivos para ser feliz e seguir em frente, colando mais uma vez um coração partido.
Londres é uma cidade com alma de gente livre.

Chove lá fora

Está chovendo forte e dirigi do trabalho até em casa com bastante cuidado. Esta foi a primeira coisa que pensei quando ouvi a música. Não era uma chuva de cor púrpura, mas uma chuva forte e que sempre me assusta um pouco. Não gosto muito do Prince. Está música me lembra filme noir, escuro, com cenas obscuras, becos escuros cheios de olhos brilhando que procuram por algo ou alguém.
Nunca prestei atenção na letra. Só no Purple Rain, Purple Rain... Chove lá fora e aqui faz tanto frio... Também me lembro desta música por causa da chuva.
Coloquei de novo para prestar atenção na letra. Já reparou que ninguém nunca quer fazer mal para a gente, mas acaba fazendo? Que quando a gente ama não quer magoar o outro, mas magoa? Ádoro a imagem de querer ver o outro dando risada debaixo de chuva. Eu adoro andar na chuva, me leva para a infância. Eu vivia brincando na enxurrada e perdendo chinela havaiana. Minha mãe não vencia comprar.
Estava procurando uma foto que tirei no Natal e que mostra um momento de felicidade completa, destes em que a gente acha que está apenas brincando na chuva, mas não achei. Está em papel. Bem, estas são as coisas que me passam pela cabeça. Estou ouvindo a música pela terceira vez.

Corra, Adriana, Corra...

O mundo está realmente se tornando cada vez mais acelerado e tem momentos em que a gente acredita que não vai conseguir se encontrar em meio a tanta informação, tanto o que fazer e tão pouco tempo. Acredito que o mundo é uma cadeia de pessoas e fatos que se relacionam.
Depende de mim. Hoje estava ouvindo no CD uma velha canção dos meus tempos de criança, que abria o programa " Balão Mágico". Falava mais ou menos assim: "Depende de nós / quem já foi ou ainda é criança / que acredita e tem esperança / quem faz tudo para um mundo melhor..."
Tudo depende de nós. Por que será que a gente perde a criança interior que acredita que tudo pode, que tem o poder de fechar os olhos e viajar para um mundo mágico? Sempre penso em você quando vejo uma árvore florida. Elas continuam lindas enfeitando esta terra que amo tanto.

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