16 de abr. de 2010

Relacionamento com os uberlandenses

Quando mais circulo pelos espaços urbanos, mais percebo a necessidade das pessoas se tratarem com gentileza. Em casa ou na rua, a forma como tratamos as pessoas é proporcional à maneira como somos tratados por elas. Tenho feito experiências pessoais nesse sentido e a diferença é significativa.
Uma das dificuldades que enfrentei quando me mudei para Uberlândia foi a interação com o uberlandense. Eu achava as pessoas fechadas em seus mundos, não interagiam com quem era de fora, formavam seus guetos e deixavam qualquer estranho de fora. Hoje percebo as coisas diferentemente. A forma como somos recebidos pelo outro tem a ver com a abertura que somos capazes de dar para que as pessoas se aproximem.
Há alguns anos, comecei a caminhar e depois a correr no Parque do Sabiá. Diariamente, por volta das 6h da manhã, lá estava eu. Aos poucos percebi que algumas pessoas, quando cruzavam comigo, sorriam e diziam bom dia. Eu respondia, mas não tomava a iniciativa de cumprimentar ninguém. De repente, resolvi mudar. "Um belo dia resolvi mudar... e fazer tudo que eu queria fazer..."

Passei a cumprimentar as pessoas. Algumas cumprimentavam de volta, outras não. Em uma volta de cinco quilômetros, imagina quantas pessoas totalmente desconhecidas você consegue cumprimentar. No começo foi difícil. Depois, o Bom Dia passou a ser acompanhado de um aceno, um sorriso, um como vai. O que havia começado difícil, tornou-se um bom hábito.
O Parque do Sabiá foi meu campo para um experimento de socialização. A questão não é o quanto o uberlandense é fechado, mas o quanto nós, uberlandinos, estamos nos abrindo. Quando vou ao Praia, por exemplo, poucas pessoas se cumprimentam ou se olham. Como adquiri o hábito nas caminhadas do Parque, faço o mesmo no Praia. Cumprimento todo mundo. Alguns respondem, outros não. Alguns sorriem, outros viram a cara.
Descobri, nessa minha experiência boba, que o outro é tão fechado para mim quanto eu sou fechada para o outro. Demorei muito para me adaptar a Uberlândia, para ter amigos, para circular pela cidade sentindo que fazia parte dela. O roteiro mudou quando eu tomei a atitude de mudar, de ser protagonista, de ser gentil, de sorrir para desconhecidos e acenar para os colegas de caminhada.
Talvez seja assim em outros campos de nossa vida. Costumo dizer que a distância que separa duas pessoas é sempre a mesma. Quando um dos lados se movimenta, com certeza ficará mais perto do outro. O que importa não é quem dá o primeiro passo. O que importa é se mover.

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