10 de abr. de 2010

A caridade em forma de mulher

Ainda não assisti ao filme sobre a vida do Chico Xavier. Vontade não falta, talvez falte é tempo. Impossível deixar de reconhecer sua vida e obra, independente da religião que decidimos abraçar. Ele era a bondade em forma de gente.
Assim como Chico, alguns dos seguidores da doutrina espírita transformam suas vidas em modelos de amor ao próximo. Não sigo a doutrina, mas estudei a respeito e procuro absorver o que ela tem de bom. Entre as características que mais tocam meu coração, está a caridade.
Por isso hoje quero falar de um modelo de caridade, uma uberlandina vinda do Rio de Janeiro, que fez de Uberlândia sua terra desde o primeiro momento. Que fez da caridade e do amor ao próximo a sua razão de viver.
Ela é Shyrlene Soares Campos. Abaixo, o resultado de uma entrevista que fiz com ela para a revista Cult, no ano passado. Com certeza ela é uma das pessoas que fazem dessa cidade um lugar ainda mais especial.
O Núcleo Servos Maria de Nazaré, de Uberlândia, é uma das heranças que Shyrlene Soares Campos pretende deixar para seus muitos filhos. “Tenho mais de um milhão de filhos”, contabiliza. Fundadora e diretora da instituição, ela já perdeu a conta de quantas pessoas passaram pelo atendimento social e espiritual oferecido há mais de 30 anos. O Solar Maria de Nazaré, que abriga 32 deficientes físicos com paralisia cerebral, abandonados pela família, é um de seus projetos mais queridos. Ela conhece todos os detalhes da vida de cada um, seus gostos, preferências e vontades.
O trabalho social de Shyrlene começou quando ela e o marido, José de Oliveira Campos, vieram para Uberlândia, em 1977. No ano seguinte, em uma casa alugada e custeada por ele, fundaram uma creche. Posteriormente, veio a primeira criança com deficiência mental. Ela passou a receber as crianças que ninguém queria, portadoras de problemas mentais crônicos, que necessitariam de cuidados para toda a vida. Considera a todos “seus filhos”. Muitos deles foram resgatados em situações extremas de pobreza, violência doméstica e abandono. Cresceram atendidos por ela e pela sua equipe.
Atualmente, o Núcleo conta com 48 funcionários e cerca de 100 voluntários. As cinco creches abrigam mais de 170 crianças entre 4 meses e 4 anos de idade. Diariamente, oferece cerca de 500 mamadeiras no Lactário, para crianças nas faixa de zero a 2 anos. Possui também atendimento à gestante, com orientações, distribuição de enxoval, reforço nutricional. A Casa do Caminho oferece café da manhã e almoço gratuitos para a comunidade carente. O Núcleo oferece também cursos, oficinas, atendimento médico, biblioteca, entre várias outras atividades de apoio social e espiritual. Para tudo isso, ela conta com subsidio da Prefeitura Municipal de Uberlândia, apoio de empresas, amigos e freqüentadores do Centro Espírita.
Shyrlene nasceu em Campos, no Rio de Janeiro, mas literalmente pulou de alegria quando o marido disse que havia recebido um convite para mudar-se para Uberlândia, onde ela havia passado apenas uma vez. “A cidade me adotou. No coração do uberlandense só bate uma palavra: caridade”, comenta, emocionada. O Núcleo é uma obra coletiva, liderada por Shyrlene e o marido, além de uma legião de colaboradores. Para o futuro, ela conta que nunca deixa de sonhar e ter esperança. Não se considera uma pessoa especial, mas alguém com um objetivo na vida: ajudar as pessoas.

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